quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A procura da “aveia” perfeita

Muitas são as qualidades da aveia, mas poucas pessoas conhecem os reais benefícios que este simples grão pode proporcionar quando adicionado na dieta diária de uma pessoa.
De acordo com o pesquisador de aveia, professor e fundador do Instituto de Ciências Agronômicas – INCIA, Elmar Luiz Floss, além de ser um alimento nutritivo e funcional por natureza, é rico em proteínas de alto valor biológico e bom balanceamento de aminoácidos, ou seja, é altamente indicado na alimentação infantil, quando a criança precisa mais de proteína do que de energia.
Segundo Floss, as vantagens de consumir aveia não param por aí. Ela apresenta em sua composição flavonóides (avenantramidas), que atuam na prevenção do câncer. Além disso, possuem fibras solúveis, que são as responsáveis pela diminuição do colesterol ruim e pela prevenção de doenças do coração, e fibras insolúveis, que aceleram os movimentos peristálticos do intestino, fazendo com que o bolo fecal permaneça menos tempo no intestino, diminuindo a possibilidade de que suas toxinas gerem tumores.
Para o pesquisador, muitos aspectos relacionados a saúde humana mudam quando a pessoa passa a consumir aveia. “Há muitos fatores envolvidos como: o bem estar, a regularidade do funcionamento do aparelho digestivo, o controle dos teores de açúcar no sangue, a diminuição dos riscos de alta pressão arterial e, a longo prazo, a prevenção de doenças como tumores no intestino e doenças do coração”, afirma o professor, que desde 1977 realiza pesquisas com aveia e recentemente lançou o livro “Aveia, memória de uma vida de trabalho e paixão”.
Floss destaca que, atualmente, o consumo médio de grãos de aveia na alimentação humana no Brasil chega a, aproximadamente, 65 mil toneladas/ano. “Isso representa um consumo de menos de 300 gramas per capita/ano, ou seja, apenas 10% do consumo médio dos países europeus, que gira em torno de 3 quilos por ano”, diz, e informa: “É importante salientar que a quantidade ideal de consumo diário varia de acordo com a idade da pessoa, seu peso e objetivo”.
O estudioso salienta que é preciso mudar este cenário e, para isso, defende a disseminação das informações sobre a aveia e seus benefícios para que as pessoas reconheçam seu valor.
A Universidade Federal do rio Grande do Sul desenvolve pesquisas com aveia branca desde 1974. O principal objetivo é o desenvolvimento de variedades que atendam as necessidades dos produtores rurais, das indústrias e dos consumidores.
Para criar uma variedade de aveia na UFRGS são trazidas as linhas de aveia com a melhor genética disponível no mundo. “Na UFRGS através das técnicas de genética e melhoramento clássicos são criadas novas variedades. Do cruzamento até os testes finais, são necessários de 10 a 12 anos para a obtenção de uma nova variedade”, conta o professor da faculdade de Agronomia da instituição, Luiz Carlos Federizzi.
As variedades criadas pela Universidade, antes de serem disponibilizadas aos produtores, são testadas por três anos em vários locais nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Somente aquelas linhagens que apresentam rendimento de grãos superiores as melhores existentes no mercado e que apresentam atributos agronômicos e de qualidade superiores são, então, distribuídas aos agricultores. Por sua vez a indústria testa com seus equipamentos quais as variedades que apresentam melhor rendimento industrial e comunica esta informação aos agricultores parceiros.
Durante os testes são avaliados mais de 30 aspectos como: rendimento, qualidade, adaptação a diferentes ambientes, teor de fibras, teor de proteínas, altura da planta, entre outros.
A oferta de grãos de aveia de alta qualidade no mercado interno eliminou, desde a década de 90, a necessidade de importação de grãos de aveia da Argentina e de outros países para suprir o mercado interno. Assim, o País deixou de ser um importador sistemático de grãos de aveia com dispêndio de divisas. “Não só a produção nacional atende a demanda interna, como as cultivares desenvolvidas no Brasil nas ultimas décadas permitiram um aumento no rendimento e principalmente na qualidade dos grãos produzidos que melhoraram o rendimento industrial e propiciaram o melhor aproveitamento pela indústria dos grãos”, diz Federizzi.
As variedades desenvolvidas no País apresentam desempenho agronômico e qualidade de grãos muito superior às variedades importadas. Os agricultores do Sul do Brasil têm na aveia uma grande aliada para o sistema de rotação de cultura utilizado no plantio direto.
Para o consumidor, a aveia é um dos poucos produtos que é integral por sua natureza. Os grãos de aveia que chegam à mesa do consumidor têm exatamente a mesma composição da variedade original, porque no processamento nada é tirado, perdido ou adicionado aos grãos, no caso de flocos de aveia.
A empresa Naturale, de Lagoa Vermelha, é uma das parcerias da UFRGS. “A Universidade desenvolve as cultivares e realiza todos os testes em laboratórios e a campo, a Naturale realiza em primeira mão a avaliação das mesmas em processo industrial, retornando os resultados diretamente para a pesquisa, além de recomendar o plantio dos melhores materiais a seus produtores parceiros.”
O empresário salienta a importância das pesquisas já realizadas. “Os avanços das pesquisas tem sido extraordinários, hoje temos cultivares iguais as melhores dos principais produtores mundiais. Quem ganha com isso? Todos nós, a indústria, pesquisadores, os apaixonados por aveia, a economia e principalmente os consumidores”, avalia de forma positiva.
Mais informações:
Com apenas 12 anos de existência e localizada em Lagoa Vermelha, no interior do Rio Grande do Sul, a Naturale vem conquistando de forma sólida o seu espaço no setor de alimentos funcionais no Brasil. Tendo como matéria prima a aveia, a empresa gaúcha tem desenvolvido produtos com a sua marca e também para “marcas próprias” de gigantes do setor supermercadista, como Carrefour, Pão de Açúcar, Walmart, Makro, Dia% e Unidasul.

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